São Paulo, SP, Brasil

Obcecado por: estética de armazém

Se você é de casa, já sabe que eu adoro procurar inspirações fora do tema central de qualquer projeto, como por exemplo, não ficar olhando fotos de salas quando eu quero decorar uma sala... Isso porque, quando a gente fica apenas olhando para um resultado já pronto, perdemos a oportunidade de soltar a imaginação e chegar em resultados mais únicos e criativos.

Falando especificamente sobre a decoração da minha casa, o que eu gosto mesmo é de viajar sem rumo específico, me inspirar em coisas não óbvias e, assim, eu vou me alimentando de novas obsessões.
Só nos últimos tempos, eu já desejei morar em um galpão velho numa vila de pescadores, numa casinha de pescador e, por fim, eu tô em total lua de mel com a estética dos armazéns antigos.

Talvez seja o charme nostálgico de me imaginar chegando em lojas antigas ou apenas minha alma de velha gritando por jeitos simples e fofos de organizar e expor as coisas...
Na verdade mesmo, eu acho que pode ser o fato de que, em geral, as coisas novas, totalmente genéricas e produzidas em quantidades absurdas e em processos mecânicos tem me deixado cada vez mais entediado. Eu não vejo beleza e não tenho sentido desejo pelos cacarecos contemporâneos -enquanto as velharias me arrancam suspiros e me levam a diferentes momentos na história.
Meu galpão dos sonhos seria todo de madeira com algumas partes em alvenaria das antigas, teria um pé direito altíssimo e muitos, MUITOS janelões e portas imensas, para entrar muita luz e deixar a ventilação seguir seu fluxo.
Ali dentro, eu colocaria móveis antigos vindos de algum porto ou fábrica mundo afora...



Eu acho que tem um ponto legal também nessa estética que é o jeito de acomodar as coisas: menos aesthetic, mais orgânico, natural e impensado, despretensioso.
Você consegue imaginar entrando numa loja antiga e encontrando tudo impecavelmente alinhado por um profissional de visual merchandising? Nada contra esses profissionais (inclusive, eu amo e adoraria trabalhar com VM), mas existe um charme encantador em apenas deixar que as coisas se encaixem, sem transformar cada canto em um cenário milimetricamente calculado.

Por aqui, eu testei recentemente tirar tudo de um armário para reorganizar desse jeito mais "empilhadinho" e adorei... senti mais cara de casa, menos vibe de cenário.
Também tentei deixar tudo mais prático e funcional, assim como seria numa loja, mercearia ou armazém e, além de ter adorado a estética, amei ganhar mais em praticidade. 


Minhas estratégias para tentar trazer um pouco desse mood dentro de casa tem sido:
  • Mesclar novo e velho é algo que sempre funciona; assim, a gente não cai na cilada de ir para o literal e acabar criando cenários fictícios e caricatos.
  • Misturar materiais e texturas para ajudar a dar o tom de aconchego e trazer o mood casa;
  • Abraçar e aceitar as impefeições e marcas do tempo, que deixam tudo mais interessante vem me permitindo viver e curtir mais a casa, ao invés de me preocupar o tempo todo se tá tudo certinho ou se eu preciso aplicar uma nova demão de tinta numa cadeira, por exemplo...
  • Manter os respiros necessários para a casa se manter funcional; o armazém é apenas uma inspiração e, por mais que eu tenha uma mente bem soltinha, tenho consciência de que seguimos vivendo num apartamento, rs.
  • Testar quantas vezes for preciso, sem medo de errar; isso vale pra tudo, na verdade. Os melhores resultados surgem de testes malucos que deram ou tinha tudo para darem muito errado, rs.
Acho que além de uma estética específica, a mensagem mais importante desse post é como eu venho aprendendo a deixar a casa mais livre para receber todas as marcas do tempo; aceitando os trincados, as rachaduras, os desgastes...
Essa assinatura do tempo é poesia pura e torna cada casa única.

Eu fiz esse movimento conscientemente: já fui de um estilo praticamente oposto, onde tudo era muito geométrico/gráfico/alinhado e eu, proporcionalmente, perfeccionista (e porque não dizer, controlador).
Com as vivências, viagens e bagagens e experiências, eu entendi/descobri que o que faz mais sentido na casa, pra mim, é que tudo seja leve.

E para ser leve, é importante ter mais desapego; me aproximar dessa lógica de valorização das marcas do tempo me ajudou a entender que as coisas estão sempre em mutação.

Se alguma coisa nessa linguagem fez sentido pra você também, eu acabei de abrir minha pasta secreta com as minhas refs favoritas nesse estilo no meu perfil no Pinterest e você pode ver aqui.

E aí, você encararia levar um pouco dessa estética pra dentro de casa também?
Achou surto ou beleza pura?

Por hoje, isso é tudo.
Bjs do Math e até a próxima!




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