Como instalar lambe-lambe sem enrugar

Bora falar mais de lambe-lambe e compartilhar de vez esse trucão com todo mundo?

Fiz recentemente uma enquete sobre a história do lambe-lambe no instagram e, como muita gente disse não saber de onde vem, e eu presumo que, talvez, por isso, as pessoas tenham tanta fixação e dúvidas sobre como deixar o cartaz liso na parede.

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Você já deve ter se deparado com algum cartaz colado na rua que te fez mudar o foco por alguns segundos, né?
Eles podem ser bem diferentes dos que colamos dentro de casa, mas o lambe-lambe usado hoje na decoração é, na verdade, apenas a adaptação de uma entre várias formas de manifestações da arte de rua, junto com os stickers, o grafite e outras intervenções que deixam as cidades mais coloridas e cheias de vida.

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Em resumo básico e rápido (pra não perder o foco, vou fazer uma introdução rápida e deixar fontes no rodapé do post, para quem quiser entender um pouco melhor da história por trás dessa tendência que tá ganhando as casas brasil afora), os lambe-lambes são cartazes artísticos colados na rua, que podem ser impressos de diversas formas e tamanhos e colados com diferentes tipos de cola (geralmente, goma de farinha, que tem um custo mais baixo).

Segundo o site Design Culture, a arte de colar cartazes na rua nasce ainda no século XIX, com a chegada da indústria e a possibilidade da impressão em massa, o que permitiu o surgimento de pôsteres e cartazes que, no comecinho de tudo, eram usados basicamente para fazer propaganda política e de eventos.
Os circos, por exemplo, faziam uso desse tipo de mídia, já que os espetáculos eram itinerantes e a divulgação precisava ser ágil, rápida e com um custo baixo.
Nem precisa de muito esforço para entender que os cartazes eram, sem dúvida, o formato perfeito.

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Lambe-lambe Respira Fundo, inspirado no Blueys, um café em Los Angeles. Disponível em formato digital e físico aqui


De lá pra cá, muita coisa mudou e os cartazes seguem acompanhando a sociedade em diversos momentos e formatos, servindo de plataforma para manifestações sociais, culturais e políticas, por exemplo.

O lambe-lambe, como conhecemos hoje, ainda carrega muito dessa resistência, lembrando que arte não é só o que tá nas galerias, sendo um formato muito democrático, que se conecta fácil com as pessoas e, mais importante ainda, permite interação e até mesmo intervenção.

Um ponto importante aqui é entender que, sob vários aspectos, a arte sempre foi (e segue sendo) atacada pelas mais diversas formas de poder -particularmente a arte de rua, que segue sendo marginalizada até hoje.
É exatamente aqui onde a gente precisava chegar: imagine que um artista pretende fazer um mural em um ponto importante da cidade para chamar atenção por uma causa específica...

Dependendo do tamanho e do formato, provavelmente, ele levaria muito tempo para fazer e seria denunciado/atacado por pessoas ou mesmo levado pela polícia antes de concluir o processo (lembrando que estamos falando de manifestações artísticas e não de pixação).

Nesse ponto, entram na conversa o stencil e também os cartazes (lambe-lambes) possibilitando ao artista criar sua arte previamente, com calma, tornando a "instalação" muito mais rápida e prática, considerando que a parte mais longa já foi feita antes.

Eu já fez um worskshop de lambe-lambe em serigrafia (um dos possíveis formatos de impressão) anos atrás com um artista urbano de Brasília (o genial Gurulino) e lembro de ouví-lo falar sobre como a instalação era sempre um desafio: depois de ouvirmos seu relato e finalizarmos as impressões, fomos em grupos pequenos para a rua deixar nossa arte para a cidade e o clima era sempre de tensão -afinal, por mais que não estivéssemos fazendo algo de errado, existem ambiguidades nas leis sobre esse tipo de arte (a arte é sempre perseguida, lembram?), que variam de lugar pra lugar.

Diante desses relatos, você consegue imaginar as circunstâncias e compreender a necessidade de instalações muito rápidas?
A pratir dessa perspectiva, dá pra entender porque o artista urbano sempre deixa sua marca de forma "sorrateira" (já reparou que, em geral, você sempre vê a arte instalada "do nada" mas nunca vê um cartaz sendo colado?), rápida e, por tabela, porque as rugas fazem parte da estética do lambe-lambe?
O importante é deixar a mensagem e não a precisão de um acabamento perfeito...

É sobre isso e é por isso que essa estética imperfeita tem seu valor: o valor da resistência.

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Lambe-lambe Musa, com ilustração botânica. Disponível em formato digital e físico aqui

E da mesma forma como o lambe-lambe "brota do nada", ele segue sendo um formato efêmero (em todos os sentidos) durante sua rota de existência, sumindo rápido na paisagem, quer seja com uma chuva torrencial, quer seja com alguém colando outro por cima, pintando ou rasgando.
E tudo bem, faz parte....

Dito tudo isso, vamos aos nossos lambe-lambes: o formato que eu crio e compartilho com vocês na b.math hoje (físico e digital) é resultado da minha paixão por trazer um pouco do mundo, da rua, pra perto de mim, dentro de casa.

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Eu AMO a ideia de ressignificar o que já existe, assim como fiz, recentemente, com a entrada da minha casa, usando como referência a técnica do lambe-lambe para criar uma versão barata de "papel de parede":


Nesse caso, eu queria uma estampa corrida e criei um rapport (um padrão que, ao se repetir várias vezes, cria uma estampa contínua), e para dar o efeito de papel de parede, precisava que ele ficasse lisinho (o que é apenas gosto pessoal, até porque, ainda que estivesse enrugadinho, ficaria bonito).

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Cabeceira de lambe-lambe Tropico, inspirada na Bahia. Disponível em formato digital e físico aqui

Mas tudo começa lá atrás, quando eu criei e instalei a minha cabeceira de lambe-lambe (também disponível na loja) no outro apartamento: foi ali que, acidentalmente, eu achei um jeito de deixar os cartazes bem esticados na parede, o que combinou muito bem com a cabeceira e também com a entrada da casa nova por aqui.

E como faz, Math?
Dá uma olhada nesse vídeo, que resume todo o rolê

Agora vamos às dicas extras:

1. Gramatura do papel
Eu já testei vários papéis e meu favorito é o sulfite ou offset 90g (a gramatura importa mais que o tipo de papel em si). Isso porque ele é encorpado o suficiente para permitir a manipulação do cartaz, sem rasgar, ao mesmo tempo em que é fino como um lambe precisa ser, para absorver a cola e gerar a adesão necessária.

2. Diluição da cola
Importante diluir a cola na proporção correta para que ela não fique muito espessa. Isso ajuda a deixar o papel mais maleável e garante que ele seque mais rápido também.
Eu recomendo sempre usar pelo menos a proporção um para um, mas confesso que gosto de colocar sempre um pouco a mais de água...
Só não vale colocar água demais a ponto de fazer com que a cola perca sua fixação.


3. Movimentos horizontais
Sabe esse lance de passar a espátula por cima do papel?
O movimento precisa ser horizontal, tá?
Já fiz na vertical e isso acabava gerando alguns sulcos no papel onde entra ar e as rugas aparecem.
P.s.: espátula de silicone sempre ;)

4. Treine antes
Mesmo já tendo feito isso outras vezes, quando repito, os primeiros cartazes não ficam tão bons.
Então minha sugestão é que você treine em algum cantinho para pegar o jeito antes de começar pra valer.

5. Tamanho do cartaz
Com cartazes muito grandes, pode ficar mais difícil dar esse truque... minha sugestão é que você faça por partes e, dependendo da instalação, de cima pra baixo pode ser o fluxo ideal, lembrando de colar bem as bordas do cartaz.

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Lambe-lambe Gunga. Disponível em formato digital e físico aqui

Pronto, agora você não tem mais desculpa para não mudar a cara daquele cantinho meio sem vida em casa, né?
Aproveita e passa na b.math pra garantir seu lambe-lambe: tem em formato digital (que você acessa na hora, imprime e instala) e também em formato físico, já impresso no tamanho perfeito e com o papel ideal.

Basta passar aqui para garantir o seu!

Pra quem tiver mais interesse em saber sobre a história do lambe-lambe, temos aqui um artigo de pós graduação em Gestão de Projetos Culturais, de Diogo Oliveira, da USP e um episódio curtinho do podcast Próxima Parada, um Original Spotify, com participação do artista Roni Evangelista falando sobre arte urbana.

Por hoje é isso...
Espero ver muitos lambes colados por aí agora (não deixa de postar, me marcar e compartilhar esse conteúdo com outras pessoas, hein).


Bjs do Math e até a próxima!

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